S.M.I. fala sobre a Bíblia

Palavras de Sua Majestade Imperial, Senhor dos Senhores, Rei dos Reis, Leão Conquistador da tribo de Judá, Eleito de Deus, Poder da Trindade, Haile Selassie I JAH RastafarI

Nós da Etiópia possuímos uma das mais antigas versões da Bíblia, mas independente da idade, em qualquer linguagem que possa ser escrita, a Palavra permanece única e igual. Ela transcende todas as fronteiras de impérios e todas as concepções de raça. É eterna.Sem dúvidas, todos vocês lembram terem lido nos Atos dos Apóstolos como Filipe batizou um Etíope. Ele foi o primeiro Etíope que seguiu Cristo, e daquele dia em diante a Palavra de Deus continuou a crescer no coração dos Etíopes. E Eu devo dizer que desde o começo de minha infância Eu fui ensinado a apreciar a Bíblia e meu amor por ela aumenta com o passar do tempo. Nela encontrei um conforto infinito para meus problemas.

“Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei.”

Quem pode resistir a um convite tão cheio de compaixão?

Graças a essa experiência pessoal na bondade da Bíblia, Eu determinei que todos os meus conterrâneos devem também compartilhar essa grande benção, e que lendo a Bíblia eles devem encontrar a verdade por si mesmos. Devido a isto, Eu fiz uma nova tradução ser feita de nossa linguagem antiga para a linguagem que velhos e jovens entendam e falem.

O homem de hoje vê todas as suas esperanças e aspirações ruindo diante de si. Ele está perplexo e não conhece a pureza, está caminhando sem destino. Mas ele deve perceber que a Bíblia é seu refugio, e um lugar de mobilização para toda a humanidade. Nela o homem encontrará a solução para suas dificuldades atuais e orientação para suas ações futuras, e se ele não aceitar conscientemente a Bíblia e sua grande mensagem, não poderá esperar pela salvação. De minha parte, Eu me glorifico na Bíblia.

Maravilhoso Conselheiro - Cultura

Haile Selassie fala sobre Cultura

Um país cuja história se estende desde os tempos antigos, Etiópia tem uma grande e variada herança cultural. Uma vez que é política do Imperador selecionar tendências da civilização moderna e mistura-las com os válidos e duradouros elementos da antiga cultura da Nação…

Haile Selassie I

Haile Selassie I

Inaugurando a Estátua de Ras Makonnen

… Isto está apenas mostrando que as gerações presentes e futuras da Etiópia devem reverenciar os nomes e analisar de perto a biografia de nossos antepassados que, através de sua coragem, sabedoria e presciência, ao longo dos últimos três milênios, dedicaram suas vidas para a grandeza e progresso da Etiópia, e para honrar cada um deles erguendo e preservando memoriais. Monumentos erguidos ajudam a relembrar o passado, ligar a presente com a futura geração e encorajar nosso amado povo a realizar coisas melhores com maior zelo e dedicação, lembrando-lhes da grandeza de nossa história.

Isto é hoje para nós uma fonte de gratificação e imensa alegria quando inauguramos na cidade de Harar essa estatua de nosso pai Sua Alteza Ras Makonnen, cujo nome ocupa um amplo espaço nas paginas da história da Etiópia como o mais notável entre os distintos servos do país que, durante o século passado, fez um inestimável serviço para preservar a unidade e grandeza da Etiópia, já atestado pelos feitos registrados.

Haile Selassie I,
2 de outubro de 1960

Selected Speeches of His Imperial Majesty, Haile Selassie I, 1918-1967;
Publicado por: The Imperial Ethiopian Ministry of Information, Publication and Foreign Languages Press Department, Addis Ababa, Ethiopia, 1967, p. 613-614

Peter Tosh - Rastafari Is

Emperor Haile Selassie I Of Ethiopia

Prefácio

Minha vida e o progresso da Etiópia - A autobiografia de Haile Selassie I
Prefácio

Capa

Capa

Uma casa construída no granito e em fortes alicerces, nem mesmo o ataque furioso da tempestade, torrentes efusivas, e ventos fortes serão capazes de derrubar. Algumas pessoas escreveram a história de minha vida, representando como verdade o que de fato deriva da ignorância, erro, ou inveja; mas eles não podem abalar a verdade deste lugar, mesmo que eles tentem fazer os outros acreditarem nisso.

Nesse momento, em que eu encontrei uma oportunidade e tempo para escrever a história de minha vida, eu prefacio apresentando a seguinte oração ao meu Criador e então continuo esse trabalho.

Ó Senhor, Todo-Poderoso no qual não há fraqueza, eterno no qual não existe transição; em admiração ao Teu trabalho e também Teus julgamentos, um ser, mesmo depois de muita procura, não pode entende-los – exceto uma parte limitada.

É um misterioso segredo que uma criatura, mesmo depois de muita exploração não entende, mas, apenas Tu sabes: porque num passado recente assim como agora Tu fizestes o povo Etíope, do pobre ao Imperador, se afundar num mar de aflição por um período, e porque Tu fizestes com que o povo Italiano e seu Rei, nadassem num mar de alegria por um tempo.

Visto que nenhum ser criado conforme Tua imagem e Tua semelhança, desacredita que tudo que ele Te pede lhe será dado até o dia em que Tu separas sua alma de seu corpo, nós suplicamos a Ti que a Etiópia não permaneça com sua liberdade extinta e que se abata sob um governo estrangeiro, e também que a boca do povo não seja silenciada pelo medo de um governante estranho, mas sim que Tu os salvará pelos Teus atos de bondade, para que não permaneçam com seus corações oprimidos por serem privados de seu governante Etíope, que os estava conduzindo para a civilização sob a luz e com alegria.

Ó Senhor, lar dos exilados, luz do cego! Verdade e justiça são Teu trono. Acolha a nós que fomos exilados de nossa própria liberdade, que tivemos que deixar nosso país em virtude da violenta agressão. Assim rogo a Ti, não por nossa retidão, mas pela Tua grande misericórdia.

E agora eu estou começando a escrever a história de minha vida do meu décimo terceiro ano até agora, com base no que Tu tens feito, fazendo-me Teu instrumento. Eu rezo a Ti que seja Tua vontade deixar com que isso se conclua. É correto para mim, revelar neste prefácio o motivo que me fez escrever isso, embora de Ti nada seja segredo.

Primeiro: que Teu nome seja louvado por todas as ações que Tu fazes, agindo de acordo com Tuas vontades.

Segundo: quando Tu fazes um homem rico nas honras deste mundo e o coloca acima de outras criaturas, é sabido que não é por seu mérito, mas somente por Tua benevolência e generosidade.

Terceiro: em cada linha dessa história, onde o nome de uma outra pessoa é mencionado, não é por parcialidade ou inimizade – salvo em erros – mas Tu sabes que nosso coração está fazendo o juízo de escrever somente a verdade.

Haile Selassie I

Haile Selassie I

Quarto: embora não exista nada que não esteja escrito nas Escrituras Sagradas, se Tu me permitir escrever conforme planejei, talvez nossos parentes e nossos irmãos que virão no futuro tomem conhecimento da palavra que Tu dissestes “porque sem mim nada podereis fazer” e seus corações se convençam que apenas com a Tua ajuda eles serão capazes de realizar qualquer coisa.

Quinto: a não ser que um homem execute sua tarefa por sua própria resolução e perseverança consciente de ser Tua ferramenta, seja nos momentos de alegria ou de tribulação, ele deve perceber que tem que trabalhar com sua habilidade natural ou com a educação que tenha adquirido, pois sua responsabilidade não cessará, nem se ele agir unicamente sob a vontade de outro homem.

Sexto: em qualquer tarefa que seja, que todos percebam e se convençam que ela será realizada no momento correto e que é impossível a concluir apenas desejando ou apressando-a indevidamente.

Eu rezo a Ti que tudo isso esteja em total acordo com Tua vontade.

Fonte: Jah-Rastafari.com / SABEDORIARASTA

Introdução

Minha vida e o progresso da Etiópia - A autobiografia de Haile Selassie I
Introdução

Seja qual for a tarefa, o homem pode começá-la mas não pode completa-la, a menos que Deus lhe sustente e lhe apóie. Se ele falhar na conclusão da tarefa em que foi designado, tendo trabalhado com o melhor de sua habilidade, ele não será difamado sendo chamado de preguiçoso. Assim, Nós, em virtude de Nossa descendência da Rainha de Sabá e Rei Salomão, desde que aceitamos cuidar, em 1916, primeiro da regência do reino da Etiópia e posteriormente a dignidade Imperial, até o presente, Nós temos dado o melhor de Nossa habilidade para melhorar, gradualmente, a administração interna introduzindo ao país os modos de civilização ocidental, nos quais Nosso povo pode atingir um nível mais elevado; daí Nossa consciência não Nos repreende.

Em explicação da noção de “gradualmente”: a menos que seja persuadindo uma criança e acostumando-a, ela não ficará satisfeita se alguém lhe tirar o que foi aprendido com suas mãos. Quando alguém da para um bebe qualquer tipo de comida, ele não vai desejar come-la, a não ser que alguém a mostre à criança e deixe-a provar. Salvo se derem leite ou outra comida macia até que lhe cresçam dentes, ele não será capaz de comer quando colocarem pão ou carne diante dele.

Haile Selassie em exílio 1938

Haile Selassie em exílio 1938

E similarmente com pessoas que viveram apenas por costumes, sem aprender na escola, sem absorver sabedoria pelo ouvido ou observando e procurando com os olhos, é necessário acostuma-los, através da educação, a abandonar hábitos antigos, faze-los aceitarem novos modos – não por métodos apressados ou cruéis, mas com paciência e estudo, gradualmente e em um período prolongado.

Em 1908-9 o Imperador Menelik adoeceu e teve de ficar um tempo casa; logo depois Ras Bitwaddad Tasamma, regente de Ledj Iyasu, morreu subitamente. Como conseqüência, Ledj Iyasu, que tinha aceitado a autoridade para comandar o governo, ficou por seis anos incapaz de segurar sua responsabilidade. Quando eu mesmo assumi essa responsabilidade em 1916, foi necessário corrigir a caótica negligencia de seis anos inteiros e dar inicio a um trabalho ainda não iniciado, isto é, de introdução à nova civilização. Passei meu tempo trabalhando no melhor de minha habilidade, enquanto minhas próprias idéias e o gosto do povo pelos costumes antigos me apertavam como madeira entre dois pedaços de ferro. Tinha muito pouco tempo para ficar a toa e fazer coisas agradáveis. O que eu defino ser correto em termos de administração interna, já iniciada num estagio anterior, as inovações que eu trouxe, e tais aspectos inspirados na civilização estrangeira como introduzi no país, serão encontrados na seqüência, cada um no seu devido lugar.

Para acrescentar, as vezes encontrávamos algumas dificuldades, tanto internas quanto externas, que foram espalhadas pelos nativos ou por estrangeiros e que representavam obstáculos para Nosso trabalho de inovação. Portanto, isso foi essencial para seguir pacientemente, visando evitar confusões, derramamento de sangue e divisões tribais. Eu estava ciente, antes mesmo de entrar no governo, que o conflito interno constituiu em uma contribuição útil para o esquema de nossos inimigos.

Nós ficamos particularmente convencidos, pelas políticas dirigidas contra Nós, que o coração dos inimigos estava tomado pela inveja na nossa criação de uma constituição para fortalecer e consolidar a união da Etiópia, na abertura de escolas para meninos e meninas, na construção de hospitais dos quais a saúde de Nosso povo fosse assegurada, assim como vários outros tipos de iniciativas Nossas pelas quais a independência da Etiópia seria afirmada, não somente em termos de históricos mas como fato atual. Por esta razão, enquanto Nós tivemos grande cuidado para prevenir qualquer divisão entre Nosso povo, Nós não queríamos tomar nenhuma medida coerciva que pudesse parecer opressiva ao Nosso povo.

Selassie I na Inglaterra em 1938

Selassie I na Inglaterra em 1938

Enquanto Nós estávamos engajados em todo esse trabalho cuidadoso e estávamos começando a guiar Nosso povo na estrada para a civilização, Nosso inimigo levantou-se com violência enviando ao Nosso país muitas tropas com equipamentos modernos, também numerosos aviões e tanques de guerra, quebrando a aliança das nações e lutando contra nós com metralhadoras, artilharias e com armas modernas muitas vezes superiores em qualidade e quantidade ao nosso equipamento. Nós discursamos um apelo a Liga das Nações e, com Nosso coração livre de pânico, encorajamos Nossos exércitos. Enquanto resistimos firmemente e nos defendemos, eles nos jogaram todos os tipos de veneno e fumaça de gazes que eram capazes de causar danos sérios e que eram proibidos pela lei internacional. Eles jogaram muitas bombas em nós e até bombardearam médicos da Cruz Vermelha Internacional e seus equipamentos médicos, impedindo assim que os feridos por bombas e metralhadoras ou que estivessem sufocando com gases venenosos pudessem receber atendimento médico. Nós mesmos lutamos por nossa liberdade em batalhas como qualquer soldado comum e reunimos as tropas como qualquer outro agente. Devido a Nossa incapacidade de conseguir um empréstimo para a compra de armas, Nós não tínhamos equipamentos de defesa adequados – exceto algumas armas modernas. Depois que resistimos ao máximo de nossa capacidade com armas de quarenta anos, fomos derrotados em um momento, mas não vergonhosamente. O motivo pelo qual retornamos para Addis Ababa, o porque partimos de Addis Ababa para o exterior e todas as outras questões serão encontradas a seguir em seus lugares apropriados.

Gostaríamos, portanto, de relembrar, confiantemente e sinceramente, todos aqueles que são Etíopes a persistirem incessantemente, esforçando-se ao máximo de suas habilidades no estudo do passado da Etiópia desde as fases mais antigas da história para que sua liberdade não seja extinta totalmente no futuro, especialmente porque a Etiópia já foi oprimida por perigos que deram origem a uma ansiedade por sua independência; e Nós desejamos igualmente que aqueles que não são Etíopes, mas odeiam agressão e amam verdade e justiça, não parem de apoiar a causa da liberdade Etíope, o povo em geral através de opiniões e os sacerdotes com suas orações.

Haile Selassie I Imperador da Etiópia
Bath, Inglaterra
Escrito em fevereiro de 1937

Fonte: Jah-Rastafari.com

Capitulo 1

Minha vida e o progresso da Etiópia - A autobiografia de Haile Selassie I
Capitulo 1 - A historia da minha infância até minha nomeação como Dejazmatch (1892-1906)

Ras Makonnen, pai de Selassie I

Ras Makonnen, pai de Tafari

Meu pai, Sua Alteza Ras Makonnen, era filho da Princesa Tanagna Warq, filha do grande Rei Sahla Selasse de Shoa. Seu pai era Dejazmatch Walda Mika’el Walda Malakot da nobreza de Doba e Manz. Ele nasceu em 8 de maio de 1852 (= 1 de Genbot de 1844) em um lugar chamado Darafo Maryam, no distrito de Gola. Ras Makonnen permaneceu com seu pai por cerca de 14 anos; isso foi, obviamente, quando Menelik II, o filho do tio de Makonnen, o Rei Hayla Malakot, ainda era apenas Rei de Shoa. Então, seu pai, Dejazmatch Walda Mika’el, o levou até Menelik e disse: “Deixe que este meu filho, prole de sua tia, cresça com você no seu Palácio”. E Menelik fez Makonnen seu companheiro especial, sem considerar laços familiares.

Posteriormente, desde que o Rei Menelik ficou convencido da lealdade e da habilidade no serviço de seu governo (tendo testado ele muitas vezes em várias tarefas), ele lhe deu o título de Balambaras quando tinha 24 anos, em 1876 (= 1868). Nesse momento, Makonnen casou-se com Wayzaro Yashimabet, minha mãe, sua fiel esposa.

Enquanto Menelik II ainda era apenas Rei em 1886/7 (= 1879), ele conduziu uma expedição militar até a região de Harar e recuperou essa antiga província para a Etiópia. Desde então, ficou entendido para ele que meu pai era valioso na batalha, um amigo, e líder dos soldados, ele o nomeou na época da ocupação de Harar, Governador da cidade e também de sua província como Comandante-Chefe com o título de Dejazmatch. E similarmente, depois que Menelik II foi ungido Rei dos Reis da Etiópia, ele elevou meu pai ao alto cargo de Ras em abril de 1890 (Miyazya 1882).

Quando meu pai conduziu as expedições militares na região de Harar, ele deixou em Shoa minha mãe, Wayzaro Yashimabet, sua legítima esposa, com quem se casou de acordo com o costume Cristão. Quando a guerra acabou e o lugar ficou tranqüilo, ele a deixou ir para Harar.

Ele então assegurou a região de Ogaden que ainda não era incorporada à província de Harar. Enquanto temporariamente ele ainda tinha que fazer planos de guerra, ele ainda continuou a aliviar os encargos fiscais, o que pesou fortemente sobre a população.

tafariemakonnen

Tafari e Makonnen

Eu nasci em 23 de julho de 1892 (= 16 de Hamle 1884), no ano de John, em Ejarsa Goro, não muito longe de Harar. Wayzaro Mazlaqiy, a filha da irmã de meu pai Wayzaro Ehta Maryam, casou-se com Dejazmatch Hayla Sellasse Abaynah; quando eu tinha 4 meses de idade ela seu a luz a to Emru (agora Ras Emru), e nós dois crescemos juntos, como se fossemos gêmeos. Quando tínhamos sete anos, meu pai contratou um professor particular e começamos a ter aulas em nossa casa. Em nosso décimo ano, três anos após começar nossa educação, éramos capazes de ler e escrever em Amharic e Ge’ez. Nossa educação era semelhante a do povo pobre, e lá não tinha moleza como no caso dos príncipes da época. Minha mãe, Wayzaro Yashimabet, estando com apenas 30 anos de idade, morreu no dia 14 de março de 1894 (6 de Magabit de 1886) e foi enterrada nos arredores da igreja de St. Michael em Harar. Ouvi tudo isto, obviamente, muito depois daqueles que foram encarregados da minha educação.

Muitos foram os meses que meu pai, S.A. Ras Makonnen, teve que gastar viajando para Addis Ababa e em expedições militares para outras províncias da Etiópia, de fato, mais do que ele podia permanecer governando em Harar. Ele também ia para outros países como enviado do governo.

Aqui estão algumas das viajens realizadas por meu pai: em 1888/9 (= 1881) ele foi enviado para a Itália; em 1896/6 (=1888), durante a operação militar em Alage, ele conduziu a expedição militar como Comandante Chefe e foi acompanhado por Ras Wale, Ras Mika’el, Ras Mangasha Atikam, Ras Alula, Dejatch Walde, Fitawrari Gabayahu, Fitawrari Takle, Liqa Makwas Adnaw, e Qagnazmatch Taffasa; em 1897/8 (= 1890) ele realizou uma operação militar no oeste da Etiópia, na fronteira com o Sudão, num lugar que era chamado Arab; hoje essa é a região que atende por Beni Shangul.

Em 1898/9 (= 1891), a partir do momento que foi reportado que Ras Mangasha, o Governador da província do Tigre, se rebelou contra o Imperador Menelik, Ras Makonnen foi despachado para Tigre e trouxe a reconciliação entre Mangasha e o Imperador. Posteriormente, a fim de salvaguardar a segurança da província - assim como fez quando ocupou Harar – ele permaneceu em Tigre por cerca de dois anos, e então, retornou. Em 1902 (= 1894) ele foi enviado a Inglaterra para a coroação do Rei Edward VII. Além disso, foi ele quem teve que executar e concluir todas as relações comerciais com outros países, o que nos dias de hoje, é feito pelos Ministros Ministros de Relações Exteriores. E, portanto, ele tinha tinha que ir e vir de Addis Ababa todo ano sendo convocado para tratar com o Imperador Menelik todo assunto pendente, depois de se corresponderem por cartas e conversas por telefone. Como ainda não existia ferrovia como hoje, a jornada em marcha lenta de Harar até Addis Ababa levava um mês.

Desde que meu pai viu a civilização Européia, tendo ido duas vezes a Europa, e desde que ele estava convencido do valor da educação, por conversas com alguns dos estrangeiros que vieram a Etiópia, ele desejou fortemente que Eu aprendesse com eles uma língua estrangeira. Meu pai fundou um hospital na sua cidade de Harar e empregou um cavalheiro da colônia Francesa de Guadeloupe, um físico chamado Dr. Vitalien. Com isso em mente, meu pai quis que o doutor nos ensinasse Francês por uma hora ou mais por dia, nesse periodo ele poderia ficar afastado dos doentes; e então começamos nossas aulas.

Menelik II

Menelik II

Meu pai tinha um forte desejo de ver o povo habituado ao trabalho de civilização que ele tinha visto na Europa, e de dar inicio a isso em seu governo. Foi por esta razão que ele fundou o primeiro hospital na sua cidade de Harar. Um ano depois da morte de meu pai o Governo Francês comprou este hospital de Menelik II, sob o seguinte acordo, de 50.000 francos.

O Leão da Tribo de Judah prevaleceu. Menelik II, Eleito de Deus, Rei dos Reis da Etiópia.

Destinado a Dejazmatch Yelma.

Como vai você? Graças a Deus, estou bem. M. Klobukowski, o Enviado Especial e Ministro Plenipotenciário na Etiópia, adquiriu, em nome do Governo da República Francesa, o hospital que Ras Makonnen construiu em Harar, e ao qual, o Governo francês tinha um médico para cuidar dos doentes do nosso país. E, portanto, tenha a planta do terreno e as dimensões deste hospital, além do registro de propriedade copiados e envie-os à M. Naggiar, o Cônsul Francês em Harar.

Entregue no dia 5 de agosto de 1907 (= 29 de Hamle de 1899) na cidade de Addis Ababa.

Meu pai estava ansioso que Eu aprendesse Francês o mais rápido possível, pois ele ficou convencido que as aulas de uma hora ou mais do Dr. Viralien’s não nos levaria ao seu objetivo, ele teve uma breve conversa com Abba Andreas que residia na cidade de Harar. Ele nos enviou um Etíope, chamado Abba Samuel, que tinha crescido como aluno no estabelecimento de sua missão. Ele começou a nos ensinar com carinho e atenção. Mesmo assim, nós não desistimos de nossas aulas diárias com o Dr. Vitalien.

Abba Samuel, nosso professor, era o filho de Alaga Walda Kahen. Ele é o Walda Kahen que foi convertido ao Catolicismo quando Abba Masyas, da missão Italiana, chegou em Shoa. É por esta razão que seu filho Abba Samuel entrou na Missão Católica e estudou lá. Abba Samuel era um bom homem que possuía grande sabedoria, que se aplicava para aprender e para ensinar, que na bondade e humildade absorvia conhecimento de todos como uma abelha, que era dedicado ao amor de Deus e a seu próximo, e que não se esforçava para gozar dos prazeres da carne, mas sim da alma. Eu estou dizendo isso, pois Eu o conheci extremamente bem enquanto estivemos juntos por dez anos.

Como foi descrito no prefacio deste livro*, Eu decidi escrever uma lembrança do meu trabalho começando quando tinha treze anos; tudo que eu tinha feito antes disso foi sob supervisão e orientação de meu tutor. Dos treze anos adiante, minha força física pode não ter sido grande, mas meus poderes espirituais e intelectuais começaram a aumentar progressivamente, portanto, tinha a porta de entrada do mundo aberta. E este foi o momento que eu comecei a agir por vontade própria, sem ser ordenado por meu tutor. Distinguindo o bem e o mal, e consciente que esta ação ofenderia alguns, e que daria prazer, sendo prejudicial, mas por outro lado útil, e então, Eu comecei a subir a ladeira da introdução ao mundo.

Ras Makonnen

Ras Makonnen

Como o amor que existiu entre S.A. meu pai e eu era muito especial, posso senti-lo até hoje. Ele sempre me elogiavapelo trabalho que Eu estava fazendo e por ser obediente. Seus oficiais e seus homens costumavam gostar de mim muito respeitosamente, pois eles percebiam a adimiração e afeição que meu pai tinha por mim.

Eu observava S.A, meu pai se esforçando para cumpirir, ao máximo de sua habilidade, as leis Cristãs, doando seu dinheiro aos pobres em dificulades e para a igreja, e rezando em toda hora conveniente. Conforme Eu crescia, o desejo espiritual estava me guiando a imitá-lo, e também me dizia que seu exemplo deveria habitar dentro de mim. Não há ninguém que não conheça o modo de vida de meu pai como descrito logo acima, nem no Palácio ou entre o clero. Dos grandes daquela época muitos ainda estão vivos enquanto este livro é escrito, e todos sabem que isso não é exagerado. A medida em que meu pai percebeu que toda minha inclinação se direcionava para a educação, sua alegria cresceu constantemente juntamente a sua afeição.

* não possuo o prefácio do livro.

Fonte: Jah-Rastafari.com

Capítulo 2

Minha vida e o progresso da Etiópia - A autobiografia de Haile Selassie I
Capítulo 2 – De minha nomeação como Dejazmatch até a morte de meu pai (1906)

Com a força de seu amor, meu pai aguardava ansiosamente pelo momento que Eu, suficientemente crescido, alcançaria o posto, e quando eu tinha 13 anos e 3 meses de idade, no dia 1 de novembro de 1905 (= 21 de Tegemt de 1898), ele me nomeou Dejazmatch na grande região chamada Gara Mul-lata. Mas, de acordo com os costumes de nosso país, esse título foi dado por tradiçao apenas. Minha idade ainda não permitia que eu julgasse em um Tribunal, ou administrasse o governo, ou reunisse o exercito em batalha; e, portanto, meu pai me deu um administrador chefe para todo o trabalho, para agir como orientador e representante, seu principal servo, o mais confiável, Fitawrari Qolatch.

No dia em que recebi o título de Dejazmatch, os oficiais de meu pai e suas tropas se reuniram e ele apresentou-os a mim no grande salão de recepção. Após isso Eu entrei na sala de reuniões onde meu pai estava, porque ele me tinha atribuído este título da Dejazmatch, Eu beijei seus pés e sentei ao seu lado. Então, os oficiais e todos os chefes do exército, tendo sido convocados mais uma vez, entraram, e quando eles estavam de pé na frente de S.A. meu pai, ele proferiu o seguinte discurso: “Todos vocês são meus servos, que engrandeci e que adoro; confio a vocês e à Deus, meu filho Tafari. Seu destino está nas mãos do Criador, mas eu o confio também a vocês para que não ocorra nada maléfico a ele.” Quando os oficiais e tropas ouviram isso, eles derramaram lagrimas, dizendo: “o fato de nosso mestre estar fazendo um discurso como este, sobre nossa confiança, parece uma despedida, como se ele soubesse que era chegada a hora de sermos separados pela morte.”

Tafari com 15 anos

Tafari com 15 anos

Enquanto eu estava contente que meu pai tinha me dado o cargo de Dejazmath. Minha alegria já se misturava com tristeza ao vê-lo fazer a seus oficiais um discurso desolador como aquele. Mas o confiança que o meu pai tinha em relação a mim quando ele me elevou a este alto grau, já vinha de longa data. Ele fez planos visando que eu tivesse uma casa separada para viver. Ele tinha dado ordem no dia da minha nomeação, para que consignassem a casa a mim, juntamente com os agentes necessários para cada tipo de trabalho.

Embora os oficiais de meu pai costumassem me tratar respeitosamente antes disso, depois, eles demonstraram um afeto ainda mais intenso, pois tinha sido nomeado Dejazmatch e morava sozinho. Embora a minha idade ainda não permitisse isso, Eu já podia, desde a minha nomeação para o posto de Dejazmatch, ficar presente e sentar-me junto, quando os grandes oficiais chegassem oficialmente ao meu pai para tratar de negócios ou para um banquete. Eu podia sentir perfeitamente a alegria de S.A. meu pai e dos oficiais quando Eu concluía alguma tarefa que minha idade permitia, quando ouvia atentamente suas histórias e conselhos, e quando Eu respondia as perguntas que me faziam.

Eu agradeço ao Criador por lembrar claramente, além, dos agentes de meu pai que até hoje me lembram histórias do passado: “Na época que você foi nomeado Dejazmatch, você costumava falar isso e aquilo; sendo perguntado sobre tal assunto, você respondia de tal maneira.”

Meu pai ficou por si só depois que sua esposa, minha mãe, Wayzaro Washimabet, faleceu, ele costumava não ter apetite recusando as refeições. E como ninguém tinha coragem de lhe dizer “é hora de comer”, Eu lhe pedia com medo – entrando em sua sala e dizendo: “é hora da refeição, então por favor diga que deseja que a comida seja trazida” – e, em seguida, ele pedia que a comida fosse trazida de uma vez, visando me alegrar. Quando Eu via ele e seus oficiais comendo, Eu sentia um grande orgulho no meu espírito repleto de juventude. E meu pai costumava me elogiar por fazer isso.

S.A. meu pai teve a grande sorte de ser amado e temido. Se alguém – não importa o quão grande fosse sua posição – fosse pego fazendo algo errado, meu pai determinaria uma punição de acordo com o grau de sua ofensa; por ele não ficar calado, passaram a temê-lo. Mas poucos dias depois, ele tentaria agradar enviando mel ou manteiga, se a pessoa fosse de alto cargo; ou uma cabra e dinheiro para comprar mel e manteiga, se fosse uma pessoa comum; na verdade, o povo o amava por isso, por não haver nada real em sua maldade de condenar um castigo. Além disso, nenhum homem é perfeito e puro diante de Deus. A partir do momento que o objetivo de meu pai era agradar Deus de todas as maneiras possíveis, ele estava determinado a ajudar com dinheiro aqueles que passavam dificuldades, orar a toda hora que tivesse afastado do governo, acalmar aqueles que sentiam falta do Imperador Menelik, ajudando a resolver os problemas de cada um dos monges dos monastérios e dos sacerdotes de cada uma das igrejas, ele estava fazendo tudo isso por sua vontade de agradar a Deus sem ser presunçoso. Ele foi um belo exemplo de boas ações.

Fonte: Jah-Rastafari.com

Capítulo 3

Minha vida e o progresso da Etiópia - A autobiografia de Haile Selassie I
Capítulo 3 – Da morte de S.A. meu pai até minha nomeação como governador de Harar (1906-1910)

Não há ninguém que diga que todos os seus dias foram só de alegria ou só de tristeza, a alegria e a tristeza ocorrem alternadamente, cada um em seu turno; todos os meus pensamentos estavam flutuando em um mar de sofrimento quando o meu pai, que me amava muito carinhosamente e era tão afeiçoado a mim, ficou gravemente doente.

Ras Makonnen

Ras Makonnen

S.A. meu pai, saiu de sua cidade Harar para ir a Addis Ababa no dia 12 de janeiro de 1906 (= 4 de Ter de 1898). Neste dia ele já não se sentia muito bem. No dia 17 de janeiro ele acampou as margens do rio Burga, depois de ter gasto o dia celebrando uma festa chamada Temgat, ele retornou, pois a doença o debilitou, e foi para sua segunda cidade chamada Qullebi (Collubi) onde começou a ser tratado por um médico. Nesse período, meu pai me citou seu desejo em me ver, fui até Qullebi. Quando entrei em seu quarto para ver seu estado e ele me viu em pé ao seu lado, ele me pediu com um olhar para que eu me sentasse, pois era difícil para ele falar devido a gravidade da doença. Como Eu estava convencido que era da vontade dele que Eu não saísse dali, fiquei o dia inteiro sentado ao seu lado.

Mas a hora do julgamento da morte decidido pelo poder de Deus não pode ser adiada, nem pelo amor de muitos – nem pelo amor de pai e filho. Assim, ele faleceu em Qullebi no dia 21 de março de 1906 (= 13 de Magabit de 1898 ) e foi enterrado na igreja de St. Michael que ele mesmo fundou, em Harar.

Depois disso, os agentes de meu pai e as tropas se reuniram por completo. Como, por um lado, o meu pai tinha dito a eles enquanto estava vivo “eu vos confio o meu filho Tafari” e, que por outro lado, eles estavam conscientes da lealdade de meu pai ao Imperador Menelik e seus serviços diligentes para seu governo, que expressaram a esperança de que ele (o Imperador) não iria deixar de dar a ele (Tafari) o governo de seu pai em Hararge. Após terem concluído suas consultas dizendo “devemos ir para Addis Ababa seguindo o serviço memorial (tazkar) habitual após 40 dias”, chegou uma carta dos oficiais do Imperador Menelik afirmando: “Venham de uma vez com Tafari, seu filho, pois é diante de mim, em Addis Ababa, que as lamentações pelo do luto de 40 dias de Ras Makonnen serão realizadas”.

Enquanto meu pai ainda estava vivo ele preparou um presente que deveria ser entregue ao Imperador Menelik; e como era um objeto que ele tinha separado, levamos conosco quando partimos de Harar no dia 10 de abril (=3 de Miyazya) e seguimos nossa viajem para Addis Ababa. Como muitos dos que estavam conosco morreram durante o percurso, a dor era amontoada na tristeza. O motivo foi um “pequeno” período chuvoso, e devido a multidão do exército, a malária se espalhou em nosso campo. Em 26 de abril (=19 de Miyazya) chegamos a Addis Ababa.

O Imperador Menelik deu ordens para que as tendas fossem costuradas juntas, como um hangar, num vasto campo, no qual, ele realizou um banquete memorial para meu pai; e lá ele fez com que os oficiais e as tropas se reunissem. Enquanto as lamentações precediam, com os visitantes de um lado e os anfitriões do outro, estávamos reunidos com o Imperador Menelik em um grande luto.

No quadragésimo dia, 30de abril de 1906 (= 22 de Miyazya), os sacerdotes dos monastérios e igrejas em Addis Ababa e suas redondezas, após terem terminado a oração da absolvição própria para cristãos, prosseguiram todos à uma tenda que havia sido preparada e passaram o dia em um grande banquete feito para eles. Os Rases e Dejazmatches, como alguns tinham relação sanguínea e outros cresceram com ele, entraram em um lugar reservado para eles na tenda, permaneceram lá, e observavam para que nenhum item do banquete faltasse. Para os pobres, foi dado, além de comida, muitos donativos em dinheiro.

Menelik II

Menelik II

No dia seguinte, conforme o costume de nosso país, no quadragésimo dia após a morte de alguém, as lamentações ocorrem como se fosse o próprio dia da morte. No grande campo, onde as tendas foram erguidas, os oficiais e as tropas se reuniram. O próprio Imperador Menelik estava sentado no centro, e então a mais incrível demonstração de luto foi feita para meu pai quando suas vestes cerimoniais, sua coroa de Ras, suas medalhas e suas armas de batalha foram carregadas, e seu cavalo e mulas, selados em chicotes dourados, desfilaram no meio do exército. Um dos enlutados disse em sua homenagem a seguinte frase:

“O telefonista, quando anunciou sua morte, estava errado; Não foi Makonnen que morreu e sim os pobres.”

No Palácio de Addis Ababa era dito que ninguém presenciou uma ocasião de similar lamentação e luto para alguém. Depois que as demonstrações dessas lamentações encerraram-se, os informaram o exército que eles deveriam ir para casa; então eles partiram e seguiram seus caminhos. Mas a tropa de meu pai, que veio comigo de Harar, permaneceu ali quietamente; e quando foram perguntados: “Por que vocês ficaram se todo o exército já partiu?” eles responderam: “É para escoltar até seu acampamento o filho de nosso mestre, Dejazmatch Tafari.” Quando o Imperador ouviu isso, ele me permitiu ir ao acampamento com a tropa de meu pai. Quando saímos, os amigos de meu pai de Addis Ababa se juntaram e me acompanharam; todos que cruzavam nosso caminho pararam e expressaram admiração pelo extraordinário tamanho da escolta. Graças a esse acontecimento, outros amigos de meu pai que estavam vivendo em Addis Ababa – sem falar a tropa de meu pai – disseram-me que eles ouviram pessoas comentando entre si “o fato do Imperador estar permitindo que Dejazmatch Tafari volte com a tropa de seu pai deve ser porque Menelik está pensando em dar a ele o governo de Harar.”

Mas meu irmão mais velho, Dejazmatch Yelma (que nasceu antes de meu pai ter se casado com minha mãe, Wayzaro Yashimabet) , se casou com Wayzaro Assallafatch, a filha da irmã da Imperatriz Taitu.

Por essa razão, a Imperatriz Taitu costumava ajudar todos os seus parentes, era dito que ela queria que Dejazmatch Yelma ganhasse o governo de Harar, argumentando que, enquanto existe um filho mais velho, o filho mais novo não deve ser apontado ao governo de seu pai; devido a um atraso no anúncio, muitas pessoas se alegraram indicando que o governo de Harar deveria ser meu.

Imperatriz Taitu e Imperador Menelik II

Imperatriz Taitu e Imperador Menelik II

Mas desde que, a Imperatriz Taitu incomodou o Imperador Menelik dizendo “Dê para Dejazmatch Yelma por minha causa”, e porque, e não era ainda o momento em que Deus havia determinado para Eu me tornar governador de Harar, a questão foi decidida dizendo: “vai para Dejazmatch Yelma”. A razão pela qual as tropas de meu pai e seus amigos achavam que o governo deveria ser meu era que eles eram acostumados a mim, estando constantemente em minha companhia, e porque meu pai, quando ainda era vivo, tinha dito a eles “Eu confio a vocês meu filho Tafari.”

Depois que a decisão de dar o governo de Harar para meu irmão Dejazmatch Yelma foi tomada, pareceram pensar que Eu e o exército não gostaríamos se a proclamação fosse feita enquanto Eu estivesse entre a tropa de meu pai; Eu fui chamado do campo uns oito dias antes da data da proclamação e foi combinado que Eu deveria permanecer em uma tenda preparada para mim nos arredores do Palácio. Então eles requisitaram alguns dos mais leais oficiais de meu pai que demonstravam carinho e afeição a mim, Dejazmatch Abba Tabor e Fitawrari (agora Dejazmatch) Hayla Sellasse Abaynah, para ficar aqui em Addis Ababa como suplicantes, tratando-os por um tempo com (real) desgosto e detenção. A razão era que Sejazmatch Abba Tabor e Fitawrari Hayla Sellasse tinham firmemente afirmado que o governo de Harar seria meu, e surgiram boatos que o aviso foi dado por parte da Imperatriz Taitu que, se eles tivessem voltado a Harar, eles poderiam em cada chance tornar as coisas mais difíceis para Dejazmatch Yelma.

Oito dias depois, em 9 de maio de 1906 (= 2 de Genbot), a proclamação do Imperador foi emitida, para confirmar que ele deu Harar, governo de Ras Makonnen, para Dejazmatch Yelma, e Sellale, o governo de Ras Darge, para Dejazmatch Tafari. Como consequência, o exercito inteiro de meu pai estava aflito. Entre eles tinham muitos que vieram permanecer comigo deixando suas casas, dizendo: “Não devemos ficar com Dejazmatch Yelma e abandonar Dejazmatch Tafari, filho de nosso mestre Ras Makonnen, que ele confiou a nós.” Dentre estes, os que me lembro eram Fitawrari Qolatch, Ledj (mais tarde Dejazmatch) Walda Sellasse, Ato Dannaqa Gobaze, Ledj Alamayahu Goshu (posteriormente Fitawrari), Qagnazmatch Walda Maryam Abaynah, Ato Sabsebe (mais tarde Bajerond), Ato Hayle Walda Rufa’el’ (posteriormente Tsahafe Te’ezaz), Qagnazmatch Defabat-chaw, Ato Tafarra Balaw, Qagnazmatch Gabra Wald, Ato Waqe (lmais tarde Dejazmatch), Qagnazmatch Darbe.

Durante o período que Eu servi como governador de Sallale, ordens foram dadas para reconstruir a igreja do monastério de Dabra Libanos que tinha virado ruínas. Daí, quando as fundações eram escavadas, foi encontrado um anel e um pedaço de ouro que possuía uma inscrição Meu representante, que estava cuidando do trabalho por lá, me enviou e isso chegou ao Imperador através de mim; foi considerado uma grande sorte pra mim. Então, de acordo com os costumes de nosso país, para o governo de Sellale, o Imperador já me permitia ficar com meus retentores. Visto que eu não desejava me separar do Imperador, foi decidido que meu representante deveria residir no governo de Sallale, enquanto Eu ficava o dia inteiro no Palácio de Addis Ababa, das sete horas da manha até as oito da noite, oito meses inteiros comparecendo na Corte.

Naquela época o Imperador Menelik tinha aberto uma escola para jovens Etíopes estudarem línguas estrangeiras e tinha trazido professores do Egito. Enquanto estava escolhendo Ledj Iyasu, Ledj Berru, Ledj Getatchaw, e outros filhos de grandes nobres e os colocando na escola, ele me deixou de fora; e isso me causou grande tristeza. Mas quando Eu falei com ele, alguns dias depois, revelando meu desejo em estudar, ele me deu permissão e disse “Por você ser governador que Eu pensei que você gostaria de viver como os nobres, mas se você deseja estudar, então vá e aprenda.”; Então, comecei meus estudos. Mas, enquanto em Harar, Eu tinha aprendido francês; agora em Addis Ababa, visto que não era apropriado ter aulas junto com os iniciantes, eles começaram a nos ensinar separadamente, definindo algumas horas para nós sozinhos. Os que estudaram juntos foram Ledj (posteriormente Ras) Emru, Ato Assefaw Banti, and Ledj Zawde Gobana (mais tarde Fitawrari). Depois de permanecer por cerca de um ano designado para Sallale, Eu fui nomeado governador de Baso.

Meu irmão, Dejazmatch Yelma, depois de ter governado por cerca de dezessete meses seguindo sua nomeação para Hararge, morreu em Harar dia 10 de outubro de 1907 (= 29 de Maskaram de 1900); e quando o triste anúncio foi transmitido pelo telefone para Addis Ababa e nós recebemos a notícia, foi um grande luto. Depois, novamente, começou a ser dito pela boca de todos que o governo de Hararge era pra ser dado para Dejazmatch Tafari. Mas como eu disse antes, como a hora em que Deus me tornaria governador de Harar ainda não tinha chegado, no dia 4 de abril de 1908 (= 27 de Magabit 1900) o governo de Harar foi dado a Dejazmatch Baltcha, enquanto o Imperador meu deu parte do governo de Sidamo. Depois Eu tive que abandonar meus estudos e fui ordenado a seguir, junto com o exército, para meu governo em Sidamo e cuidar dos negócios do governo. Foi decidido que uns 3.000 homens do exército de meu pai em Harar deveriam vir até mim.

Quando minha ida para Sidamo estava decidida, foi concedido a mim que, que Dejazmatch Abba Tabor e Fitawrari Hayla Sellasse, que tinham ficado em detenção nominal, deveriam ir comigo. Como Dejazmatch Abba Tabor era atento em tudo que fazia e também firme em sua palavra e sincero sem qualquer falsidade, isso me foi grande sorte. Durante o período que Eu servi em meu governo em Sidamo, Eu tive um tempo de alegria perfeita, Eu não tinha problema nenhum, pois lá trabalhava para mim Dejazmatch Abba Tabor, sendo responsável pelo serviço externo, e minha avó (mãe de minha mãe) Wayzaro Wallata Giyorgis, sendo responsável pelo serviço interno. Enquanto Eu soube que era apropriado exercitar funções judiciais – um governador de província, de acordo com o costume local, sentaria na Corte – até então Eu não tinha ousado assumir essas funções de sentar em uma assembléia judicial, devido a minha idade. Mas agora, desde a minha nomeação para o governo de Sidamo, Eu comecei a pronunciar o julgamento enquanto sentava na Corte, nas quartas-feiras e sextas-feiras.

Enquanto eu dividi meus primeiros empregados, aqueles que vieram do exercito de meu pai, e os recém chegados que tinham vindo a mim depois que fui a Addis Ababa, em três partes fazendo ajustes próprios para cada de acordo com seus cargos e atribuindo seus deveres, Eu permaneci lá muito felizmente por cerca de um ano. Então, quando eu ouvi em 1908-9 (= 1901) que o Imperador estava gravemente doente, Eu pedi permissão para ir até Addis Ababa. Como a carta do Imperador chegou até mim me permitindo ir, Eu fui para Addis Ababa em abril de 1909 (Miyazya) depois de dar ordens aos meus chefes em cada distrito que eles deveriam desempenhar seus trabalhos diligentemente e que eles deveriam proteger o país meticulosamente.

Imperatriz Taitu

Imperatriz Taitu

Desde que o Imperador Menelik estava gravemente doente, ele não tinha força necessária para realizar nenhum grande trabalho – exceto aparecer diante do exército na praça do Palácio; consequentemente, todo o povo, grande e pequeno da mesma forma, sentiram-se muito aflitos. A respeito de todo o trabalho do governo, era a Imperatriz Taitu que o assumiu como plenipotenciária. Por este motivo, como a paz foi perturbada, muitas pessoas apareceram nos arredores do Palácio para tentar agitar mais o tumulto. Como tudo isso acontecia e enquanto a Imperatriz Taitu, atuando como plenipotenciária, estava tratando de todo o trabalho do governo, homens invejosos começaram a conspirar contra ela para privá-la de seus poderes e retirá-la do Palácio. Quando eles me pediram para entrar em sua conspiração, Eu disse a eles que eu não queria participar dessa intriga; e consequentemente todos os conspiradores passaram a me olhar com inimizade. Quando a Imperatriz Taitu soube que recusei entrar, ela contou ao Imperador e ambos ficaram contentes.

Embora o Imperador estivesse gravemente doente, naquele período sua mente ainda estava equilibrada. Contudo, ele não achou uma ocasião apropriada para advertir e repreender os conspiradores. A respeito de minha recusa para a conspiração, Eu não contei nem para a Imperatriz nem pra ninguém sobre isso, mas aqueles conspiradores revelaram o segredo dizendo: “Dejazmatch Tafari recusou quando falamos a ele: ‘entre na conspiração.’” Quando a Imperatriz repetitivamente me perguntava querendo saber tudo sobre aquilo, Eu fiquei firme em minha declaração de que ninguém havia me pedido para entrar na conspiração. Por isso ela declarou que estava contente por eu não revelar o segredo e disse-me: “Eu sei a verdade. Sua recusa em revelar o segredo é porque você é um homem muito discreto.”

Desde que a Imperatriz Taitu ouviu a informação que foi na Câmara Ministerial do Conselho que esta idéia da conspiração começou, ela anulou-os, fazendo com que a Câmara Ministerial do Conselho fechasse. Além disso, no ano anterior três alemães tinham vindo em nomeações do governo como conselheiros e ocupavam cargos de medicina e educação e onde trabalhavam frequentemente encontravam os Ministros em suas respectivas tarefas. Desde a imperatriz que Taitu teve alguma suspeita que talvez aqueles Alemães possam ter dado a conselho aos Ministros para conspirar contra ela, foi relatado que, enquanto procurava algum pretexto, ela os fez desistirem de seus trabalhos.

Como naquele ano Dejazmatch Abreha, o governador de Endarta na província de Tigre, se rebelou, Ras Abata, enquanto ele ainda era Wagshum, atacou Dej. Abreha em outubro de 1909 (= final de Maskaram 1902) e derrotou-o. Foi informado que outros governantes da província de Tigre estavam olhando em silêncio sem ajudar Dej Abreha ou Ras Abata.

A doença do Imperador Menelik era paralisia, que o impediu de mover todos os seus membros e desempenhar seu trabalho; no dia 27 de outubro de 1909 (= 17 de tegemt 1902) as 3 horas da manha (= 9h da noite) de repente se tornou impossível para ele se mover ou falar; e quando os oficiais e o exército ouviram isso, foi uma grande tristeza nos arredores do Palácio e na capital. Mas depois de alguns dias, a doença parecia diminuir sobre ele, e ele parecia melhorar, mas ninguém pensou que ele ainda tinha muitos anos até que a morte chegasse a ele.

Fonte: Jah-Rastafari.com


Quem é Haile Selassie I ?

Nascido em 1892, Haile Selassie se tornou rei da Etiópia em 1928. Mais tarde, no dia 2 de novembro de 1930, tornou-se Imperador, e então, reinou sob o título de Sua Majestade Imperial Imperador Haile Selassie I. Seu reinado foi frequentemente descrito como “iluminado”, visto que ele aboliu a escravidão, buscou a modernização da Etiópia, e deu ao seu país a primeira constituição escrita (1931). Em 1935, fascistas italianos invadiram a Etiópia, e Selassie lutou bravamente até que foi forçado a voar para a Inglaterra onde ele procurou ajuda para finalmente, com sucesso, repelir a invasão.

Acreditava-se que Selassie I era descendente direto do Rei Salomão de Israel (cerca de 970-931 a.C.) e da Rainha Negra Makeda de Sabá. A descrição bíblica (I Livro dos Reis 10:1-13) do encontro dessas duas figuras lendárias da Era de Ouro de Israel não faz menção de sua suposta união. Mas uma versão elaborada da história é relatada em um antigo documento Etíope, o Kebra Nagast (Glória dos Reis), que afirma que eles se tornaram pais de um filho chamado Menelik. De acordo com a tradição, Menelik não só fundou a dinastia real na Etiópia, da qual Haile Selassie I afirma ser descendente, como também roubou a Arca da Aliança do templo de seu pai Salomão em Jerusalém, e trouxe-a consigo para a Etiópia. (Isso nunca foi provado, mas é fato que a Arca desapareceu misteriosamente do Templo Sagrado, provavelmente durante o reinado de Salomão e muito antes da Queda de Jerusalém em 589 a.C.)

Selassie I e a estrela de Davi

Selassie I e a estrela de Davi

A lenda Kebra Nagast tem várias implicações. A teoria da remoção da Arca de Israel para a Etiópia parece um óbvio simbolismo, a generosidade de Deus estava sendo tirada de seu Povo Escolhido originalmente e agraciando a Etiópia. Daí então, a promessa da aliança de Deus ao Rei Davi de que jamais deixaria faltar um descendente para reinar em Israel foi igualmente transferida para a linhagem real Etíope descendente de Menelik, filho de Salomão e Sabá. Isso foi usado para explicar porque os monarcas da Dinastia de Davi de Israel eventualmente terminaram em fracasso durante o período da Queda de Jerusalém. (A interpretação Cristã dessa promessa aparentemente quebrada por Deus, parece ser que Jesus Cristo, que também era dito como descendente do Rei Davi, é o herdeiro do trono de Israel de uma forma espiritual.)

Assim, Haile Selassie I foi visto como preservador de uma tradição que foi escrita a mais de 3 milênios. Alem disso, como monarca da Etiópia, ele adotou vários títulos bíblicos que a muito tempo são relacionados com o Messias. Selassie era chamado de Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, e também associado com “O Leão da Tribo de Judá”.

Enquanto isso, na Jamaica era dito que a coroação de Selassie em 1930 era o cumprimento da profecia de Marcus Garvey, que predisse a coroação de um Rei Negro na África, que seria o Redentor dos Africanos Negros dispersos pelo mundo. O lendário e ilustre passado de Selassie e seus títulos de Messias devem ter deixado muitos seguidores de Garvey sem duvidas de que ele era o Messias Negro Prometido. Alem disso, o nome “Haile Selassie” (em Amárico “Poder da Trindade”) deixava implícita uma presença divina em pessoa.

Então, Haile Selassie passou a ser amado ou adorado como Cristo ou até como Deus Todo-Poderoso. Seus devotos seguidores Jamaicanos ficaram conhecidos como Rastafaris, um termo derivado do nome de nascimento de Selassie, Ras Tafari Mekonnen.

O próprio Selassie sendo um Cristão Ortodoxo, parece ter achado essa atenção embaraçosa. Ele tentou afirmar ao povo que não era Deus, mas um pecador pelo qual Jesus Cristo morreu. Entretando, isso não parou o crescimento do movimento Rastafari, pois era sabido que Deus encarna no homem de forma natural, e o homem então, não sabe que é Deus.

Ras Tafari

Ras Tafari

Como várias ramificações da tradição Rastafari evoluíram, alguns grupos continuaram a adorar a Divindade de Haile Selassie, o Poder da Trindade, enquanto outros (como as Doze Tribos) passaram a vê-lo como um imperador iluminado e como uma representação de Cristo que apontou o caminho que leva a Deus mesmo não sendo ele próprio o Deus.

Em contraste ao vasto respeito demonstrado por muitos na Jamaica, Selassie foi condenado como um ditador impiedoso por grande parte de seus inimigos, oponentes políticos e países vizinhos. Evidentemente, controvérsias (tanto religiosas quanto políticas) ocorreram em muitos aspectos de seu reinado.

Selassie I foi eventualmente deposto pelo líder Marxista Mengistu Haile Mariam em 1974. De acordo com livros de história, Selassie morreu no ano seguinte de forma misteriosa, sendo preso e provavelmente torturado. Entretanto, os Rastafaris que acreditam nele como o imortal Deus Jah Rastafari afirmaram que isso foi apenas um blefe do inimigo, e que Selassie I ainda estava vivo.

Em todo caso, historicamente, S.M.I. Imperador Haile Selassie I inegavelmente se tornou uma lenda e continua a inspirar uma vasta multidão de seguidores ainda hoje.

Fonte: Words of Wisdom / SabedoriaRasta

 
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